E numa esfera?
No argumento anterior fizemos uso de várias propriedades dos triângulos planos que não são válidas em geometrias não-euclidianas. É certo que, com a métrica euclidiana, em espaços de curvatura constante não nula [2] também é verdade que um triângulo é equilátero se e só se é equiângulo. (A demonstração deste facto é a mesma que Euclides apresentou para o plano pois não usa o postulado das paralelas.) Note-se, porém, que numa esfera não há triângulos semelhantes que não sejam congruentes; e, portanto, somos obrigados a parar logo no primeiro passo da demonstração anterior, pois ele não funciona no mundo de curvatura constante positiva. Além disso, a soma dos ângulos dos triângulos esféricos não é constante.
Apesar de tudo isto, a caracterização dos triângulos equiláteros que provámos no plano poderia ser válida numa esfera, precisando apenas de uma outra demonstração. Mas não. Veja-se que, na esfera de raio 2/\pi, podemos traçar o triângulo (pitagórico mas não equilátero) de lados 1,\,1,\,2 e ângulos \pi/2, \,\pi/2,\,\pi e o triângulo com estes mesmos lados mas de ângulos 3\pi/2, 3\pi/2 e \pi (ver figura seguinte).

E, na referida esfera, estão também: um triângulo equilátero cujos lados se situam no equador quando este é dividido em três partes iguais de comprimento \frac{4}{3}, e que tem os três ângulos iguais a \pi; um triângulo pitagórico e equilátero de lado 1 e com os três ângulos iguais a \pi/2.

Qual será a versão esférica do atributo que encontrámos nos triângulos equiláteros planos? Para explorar esta questão, sugere-se o uso do módulo interactivo, que permite desenhar triângulos esféricos e testar algumas das suas propriedades.