Reflexão total
Terminamos com a referência a um exemplo que põe em evidência um comportamento qualitativamente diferente. A figura seguinte mostra (em diferentes tons de azul) três percursos passando por um mesmo ponto \(C\) situado na linha de separação dos dois meios. Cada um deles corresponde a duas situações possíveis, assim descritas nos casos de \(A\) e \(B\): ver a partir de \(A\) o ponto \(B\), aparentemente na direcção \(AC\), ou, para um observador mergulhado na água, ver a partir de \(B\) o ponto \(A\), aparentemente na direcção de \(BC\).
Quando \(A\) se aproxima da linha de separação dos dois meios, \(B\) aproxima-se de uma semi-recta limite, fazendo um ângulo de desvio máximo, representada a laranja. O que acontecerá a um raio luminoso emitido de \(B_{a}\) numa direcção com inclinação superior à dessa semi-recta \(CB_{L}\)? Não pode atravessar a superfície de separação dos meios de maneira a satisfazer a condição que enunciámos! Na verdade, esse raio reflete-se segundo um raio \(CA_{a}\), como indicado (a verde) na mesma figura. O raio refletido faz o mesmo ângulo com o meio de separação e é, portanto, também superior ao de desvio máximo. Assim, tal como no caso anterior, o mesmo percurso pode representar um observador em \(A_{a}\) a ver um objecto em \(B_{a}\), aparentemente na direcção de \(A_{a}C\), ou um observador em \(B_{a}\), a ver um objecto em \(A_{a}\), aparentemente na direcção de \(B_{a}C\). Mas há uma diferença fundamental relativamente à situação anterior: aqui, a imagem obtida tem a orientação trocada relativamente à do original. Este fenómeno, dito de reflexão total, é posto em evidência nas imagens da figura seguinte.
O recipiente representado na primeira imagem está cheio com água e a segunda imagem mostra a visão a partir de um observador mergulhado na água, olhando para o letreiro colado na parte lateral desse recipiente.