Redução ao caso de circunferências concêntricas

Convir-nos-ia uma transformação geométrica que enviasse circunferências em circunferências e conservasse a propriedade de tangência (portanto, enviando anéis de circunferências tangentes em anéis de circunferências tangentes), mas não conservasse (necessariamente) a propriedade "ser concêntrico". Ora, uma tal transformação existe: uma inversão4, cujo centro não pertença a nenhuma das circunferências.

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Assim, por exemplo, os anéis de circunferências concêntricas representados nas figuras 11-12 e 13-14 são enviados por inversões em anéis de circunferências não concêntricas representados nas figuras correspondentes. Num caso ambos os anéis fecham; noutro ambos não fecham. Mas o que é inesperado é que, naqueles dois exemplos de anéis de circunferências não concêntricas, tal como nos das circunferências concêntricas, o anel fechar ou não fechar não depende da posição da primeira circunferência do anel. Podemos acrescentar: aquele comportamento - "o anel fechar ou não" não depender da primeira circunferência escolhida - é não só o dos pares de circunferências concêntricas, como o de todos os pares de circunferências provindo por uma inversão de um par de circunferências concêntricas! Então, agora a questão interessante é a de saber se, dado qualquer par de circunferências disjuntas, ele poderá ser obtido por uma inversão de um par de circunferências concêntricas. Se a resposta for afirmativa, teremos concluído que o comportamento, para qualquer par de circunferências disjuntas, é o mesmo que para os pares de circunferências concêntricas: haverá pares para os quais nenhum anel fecha (é a situação genérica) e pares excepcionais5 para os quais todos os anéis fecham6! Neste ponto, sugerimos aos leitores com alguma experiência em trabalhar com inversões que tentem directamente provar que qualquer par de circunferências disjuntas provém de um par de circunferências concêntricas, o que é o mesmo que provar que dado qualquer par de circunferências disjuntas, há uma inversão que o transforma num par de circunferências concêntricas. Quem não quiser seguir a sugestão poderá encontrar adiante uma prova (ilustrada na figura 15) não construtiva da existência de uma tal inversão.

Usando esse resultado, concluímos que a situação, para qualquer par de circunferências, é idêntica à já descrita para o caso das circunferências concêntricas. Todos os anéis fecham com o mesmo número de circunferências ou nenhum fecha:

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4Recorde-se que no plano uma inversão relativamente a uma circunferência de centro \(C\) e raio \(r\) envia qualquer ponto \(P\) diferente de \(C\) num ponto \(P'\) tal que \(\overrightarrow{OP}=k\cdot\overrightarrow{OP'}\), onde \(k = \frac{1}{r^{2}}\). Analogamente no espaço, relativamente a uma superfície esférica de centro \(C\) e raio \(r\).
5Cada um destes pares tem uma vizinhança na qual para nenhum outro par o anel fecha.
6É a um problema com um desfecho deste tipo que é costume chamar "porisma".

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