Campo de Vectores
O sistema de equações diferenciais \[\begin{cases} x^{\text{'}}= & Ax-Bxy\\ y^{'}= & -Cy+Dxy \end{cases}\] constrói no plano um campo de vectores \(V=(x^{'},y^{'})\) e, dado um ponto \(Z=(x,y)\) do plano, o vector \(V\) é tangente neste ponto à curva-solução de condição inicial \(Z\): \(V\) indica a direcção, o sentido e a intensidade de variação da curva-solução.
Fixados \(A\), \(B\), \(C\) e \(D\), observe o comportamento dos vectores do campo \(V\) na figura ao lado.
Comecemos por analisar os pontos de equilíbrio do campo de vectores \(\left(x^{'},y^{'}\right)=\left(Ax-Bxy,-Cy+Dxy\right)\). Um ponto de equilíbrio representa uma curva-solução do sistema tal que, ao longo do tempo, não há alteração no número de elementos de cada espécie. As coordenadas dum tal ponto são valores de \(x\) e de \(y\) para os quais o sistema não varia; ora, matematicamente, a ausência de variação corresponde à anulação da derivada: \[\begin{cases} x^{\text{'}}= & Ax-Bxy=0\\ y^{'}= & -Cy+Dxy=0 \end{cases}\Leftrightarrow\begin{cases} \left(A-By\right)x= & 0\\ \left(-C+Dx\right)y= & 0 \end{cases}\Leftrightarrow\\ \Leftrightarrow\begin{cases} y=\frac{A}{B} & \begin{array}{cc} ou & x=0\end{array}\\ x=\frac{C}{D} & \begin{array}{cc} ou & y=0\end{array} \end{cases}\rightarrow ou\begin{array}{ccc} \left(x,y\right) & = & \left(0,0\right)\\ \left(x,y\right) & = & \left(\frac{C}{D},\frac{A}{B}\right) \end{array}\]
Dos sinais de \(x^{'}\) e \(y^{'}\) podemos visualizar o campo de vectores \((x^{'},y^{'})\) e, das regiões de monotonia de \(x\) e de \(y\), ter uma ideia qualitativa de como se comportam as curvas-solução. Restringiremos este estudo ao primeiro quadrante, uma vez que os valores biologicamente aceitáveis para \(x\) e \(y\) são não negativos.
As derivadas \(x^{'}\) e \(y^{'}\) anulam-se ao longo das rectas \(y=\frac{A}{B}\) e \(x=\frac{C}{D}\), respectivamente, que dividem o quadrante em quatro regiões onde as derivadas têm sinais diferentes:
Na
região IV
tanto os valores de \(x\)
como os de \(y\)
crescem estritamente com o tempo; na região I,
os valores de \(x\)
decrescem estritamente, enquanto que a função \(y\)
cresce. Uma explicação biológica plausível
para esta variação é a de que, com a abundância
de fanecas na região IV,
a espécie tubarões tem condições óptimas
para se reproduzir, atingindo valores tão elevados que, na região
I, as fanecas
exibem perdas consideráveis.
Explicações
análogas podem ser apresentadas para as regiões II
e III.