Fenda Hiperbólica
Em Março de 2000, o Atractor foi convidado para conceber e realizar uma exposição temporária de Matemática, que viria a ser inaugurada naquele ano no Pavilhão do Conhecimento, chamada Matemática Viva. No âmbito desta exposição, foi pensado para o exterior um módulo expositivo, que seria visível pelas pessoas que passavam no local, tendo a escolha recaído sobre a Fenda Hiperbólica:
O módulo, resguardado num cubo com mais de dois metros de lado e paredes laterais de vidro, é constituído por duas hastes rectilíneas inclinadas, presas numa placa circular que gira continuamente em torno de um eixo vertical (ver figura 2 e uma animação). Este módulo pode agora ser visitado nas arcadas da Reitoria da Universidade do Porto.
Sobre uma das diagonais da base quadrada existe uma grande placa rectangular vertical, de aço, placa essa que tem apenas duas ranhuras curvas. Parece evidente a priori que as duas hastes rectilíneas nunca poderão passar pelas fendas curvas sem roçarem nos seus bordos. O aspecto inesperado para o observador desprevenido e que cria o efeito espectacular do módulo é a descoberta que esta óbvia impossibilidade não é real: o observador assiste, dir-se-ia com suspense e surpresa, à passagem das hastes rectilíneas sem tocarem os bordos da fenda curva.
Qual a matemática envolvida? Imaginemos uma recta vertical (fixa) e outra recta rodando em torno da primeira. Há três possibilidades distintas: as duas rectas são paralelas, concorrentes ou nem uma coisa nem outra (ver figura 3). No primeiro caso, reunindo os pontos de passagem da recta móvel, obtemos um cilindro - o cilindro de revolução gerado pela recta móvel girando em torno da recta fixa.
No segundo caso, temos um (duplo) cone de revolução, com vértice no ponto de encontro das duas rectas. O terceiro caso é o que nos interessa: a superfície gerada é um hiperbolóide de revolução. Podemos garantir que nenhuma das posições da recta móvel leva a pontos fora do referido hiperbolóide. Então, se, no caso do nosso módulo, intersectarmos essa superfície com o plano diagonal acima referido, nenhuma posição da recta móvel terá pontos fora da curva obtida pela intersecção do plano com o hiperbolóide. Assim, abrindo uma ranhura na placa vertical à volta dessa curva (ver figura 5), em nenhuma posição a recta móvel toca no resto da placa. Por outras palavras, a haste móvel passa pela ranhura. E que curva é esta? Trata-se de uma hipérbole.
O Atractor concebeu um módulo virtual que permite obter as diversas formas, dando ao utilizador a possibilidade de variar, quer a distância, quer a inclinação da haste relativamente ao eixo de rotação.
E se em vez de uma só chapa, tivéssemos agora cinco chapas como obstáculo? Veja uma animação do Atractor com um exemplo de uma tal situação: